Já há alguns dias que tenho tentando organizar as idéias pra escrever esse post. Estava tentando repassar mentalmente tudo de bom e de péssimo que fizemos e passamos pela Argentina. Até que me dei conta, apesar da experiência até merecer um post específico, não teria muito a ver com o blog. Daí, procurei me concentrar apenas nos fatos refetentes à Corrida, o que já imagino que vá ficar gigante.
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Frio? |
Nos dias que antecederam nossa ida à Buenos Aires, foi anunciado que a Media Maraton de Buenos Aires agora se chamaria Carrera Claro, por causa de seu novo patrocinador.
Com o nome, vieram os anúncios de várias inovações tecnológicas. Transmissão das parciais por twitter, facebook, disputa “virtual” entre corredores e envio de mensagens personalizadas durante a corrida foram as promessas.
Fizemos propaganda disso. O Jean, até fez uma conta no facebook pra acompanhar nosso desempenho.
Bem legal. Pena que no dia, não funcionou. O Jean e ninguém mais recebeu as prometidas mensagens (acordou cedo no domingo à toa). Ninguém se pronunciou a respeito e nem os outdoors espalhados pela cidade que faziam propaganda dessas inovações, entenderam.
Chegamos em Buenos Aires na sexta (09) e optamos por descansar e buscar o kit apenas no dia seguinte. No café da manhã do sábado, encontrei dois casais de brasileiros que também haviam ido para a meia. Foram buscar o kit na sexta e me pregaram o caos. Filas, multidão e desorganização.
A contra-propaganda foi tanta que até nos assustamos quando chegamos no sábado. Sem filas e entrega rápida dos kits. Vai ver, todo mundo foi na sexta. Só não gostei porque trocaram meu número.
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Remeras de 21k e 10k |
Como lá é um poquinho menos quente que Cuiabá, a malha da camiseta do kit é um pouco mais grossa. Não me imagino treinando sob sol cuiabano com ela. Embora Adidas, a cor é feinha. Causou-nos também inveja do pessoal dos 10k. A camiseta era preta e linda, mas ainda mais incompatível com nosso clima.
No dia da corrida, problemas.
O Argentino não tem o hábito de acordar cedo. Na hora que levantamos, não teria café da manhã e tivemos que improvisar. Taxi, pelo menos, não foi problema. Afinal, tinham muitos pelas ruas recolhendo os penúltimos baladeiros. (os últimos cruzamos já durante a corrida).
E, frio, muito frio. Pelo menos, para nós corredores cuiabanos. Anunciados 7 graus, mas a sensação térmica era menor. O aquecimento durou bastante e não parecia suficiente. As mãos pareciam congeladas. Nossa fininha camiseta do SEFAZ Runners não era a mais adequada para a ocasião. Clima ruim para acordar e aquecer, mas muito bom para correr.
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Desafio: Tem gente na SEFAZ nessa foto. Onde? |
Uma verdadeira multidão tomou as ruas da cidade. 13 mil inscritos. Muitos, mas muitos brasileiros. Não sei e não foram divulgados quantos, mas eram muitos. Além de nós, ouvi falar de que haveriam pelo menos mais uns 7 ou 8 daqui de Cuiabá, mas não vi ninguém.
Esse mar de gente torna a corrida mais bonita, mais emocionante, mas mais difícil de se correr. Especialmente se não separam a largada por tempo pretendido.
No Brasil, corridas grandes já tem um esboço disso. Não é dificil fazer. No ato da inscrição, você informa o tempo pretendido pra acabar a prova. Recebe uma pulseira colorida. No dia da corrida, barbantes separam e organizam pela velocidade dos corredores. Claro, sempre terá um mentiroso ou um furão no meio, mas a grande maioria dos corredores não quer ser atropleado e acaba indo para o curral correto. Enfim, Buenos Aires não teve isso e a largada foi um pouco tumultuada.
Calcularam mal também a quantidade de corredores que passariam por algumas avenidas. A 9 de Julho, por exemplo, gigantesca e principal avenida da cidade teve interditada apenas uma pista no percurso de ida. Ficou apertado e correr em zigue zague ficou inevitável. Foi meu pior km.
O trajeto é bonito. As bandinhas pelo percurso, muito boas. O Raphael até exagerou no km 10 por causa de uma música dos Beatles.
As bandinhas ajudam a juntar platéia para a corrida também. Nos pontos das bandas, tinha bastante gente assistindo. Acho isso uma idéia muito legal e relativamente simples de se implementar. Os palcos não eram tão sofisticados. Uma das atrações consistia em um canastrão e seu teclado com as músicas românticas portenhas.
O sedento Henrique achou insuficiente os pontos de hidratação. Tinha água a cada 5km e gatorade em 3 pontos. Eu até dispensei água em um ou dois pontos. A água era na garrafinha (com tampa), mas, o isotônico foi distribuído em copo aberto. Alguém me explica como bebe em copo aberto correndo, porque eu não consegui. No segundo ponto, já jogava o copo todo no rosto e tentava beber o que dava. O William disse que não teve dificuldades quanto à isso. Parou, sentou no chão e chamou alguém da torcida para treinar o seu fluente espanhol enquanto degustava a bebida como se fosse um Malbec Mendoncino.
Pontos de checagem de chip para as parciais de tempo a cada 5km (embora as parciais do km 15 tenham sido feitas “manualmente”). Pena que a transmissão em tempo real não funcionou.
O que não gostamos foi a divulgação dos resultados. A classificação foi feita pelo tempo bruto, que eles chamam de tempo oficial, e não pelo líquido. Ok. Afinal, acho que o nosso tempo líquido também foi maior que o do Marílson. Alias, para quem cruzou com o Marílson (no sentido contrário, da volta do percurso) disse que achou que era alguém treinando tiros.
A medalha ficou bonita, embora bem simples e pequena. Decepcionou quem esperava quase um escudo pra carregar no peito ou mostrar para o sr Reinhard.
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Taís e Rosely: Só festa |
Cada um do grupo chegou com objetivos diferentes.
Taís queria correr. Nem sabia o que eram 21 km.
Rosely treinou sério. Não perdeu nenhum dos longões nas madrugadas de sábado.
Na prova, correram juntas. Fazendo festa com a bandeira do Brasil. Parando para tirar foto, sambar com as bandinhas espalhadas pelo percurso, dar autógrafos, escorregar nas cascas de banana e, ainda assim, fazer o percurso em apenas um pouquinho mais de 2 horas.
Henrique e William queriam estrear bem na distância. Treinaram forte (talvez forte demais) e depois relaxaram. Com viagens, dores e outras desculpinhas, ficaram mais de um mês sem treinar direito. Mesmo assim, embalados pela multidão e pelas namoradas esperando na chegada, foram bem. Muito bem.
Eu e o Rapha éramos os veteranos do grupo. Com o "fabuloso" currículo de uma meia nos joelhos cada um. Em um percurso frio e plano e bem treinados, tínhamos a obrigação da melhorarmos nossos tempos. Ao final, conseguimos.
Todos ficaram com a sensação de que poderiam ter terminado com alguns minutos a menos. Faltou um treino aqui, um joelho acolá, musculação, muito gente na corrida, enfim. Só desculpa para correr uma próxima.
Assim, a equipe terminou com os seguintes tempos:
* Henrique - 1:38:55
* Raphael - 1:33:58
* Ricardo - 1:43:51
* Rosely - 2:00:52
* Taís - 2:00:54
* William - 1:46:25
No ano passado, tive ali o sabor da primeira meia. Mas não se comparou com a alegria de ter conquistado uma meia ao lado de tão bons amigos. (Isso é assunto para um próximo post)
Enfim, gostamos da brincadeira. Ano que vem, novos desafios. Talvez uma maratona, talvez em outra cidade. A única certeza é a de que o grupo vai estar maior. Assim esperamos.
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Qual é a próxima? |