Ultimamente tenho lido e estudado algumas teorias de motivação para organizações que considero altamente aplicáveis para esportes e, no nosso caso, para a corrida.
Uma teoria bastante interessante e já bastante comprovada sobre o desempenho dos profissionais em organizações se chama "Teoria da auto-eficácia", desenvolvida pelo psicólogo canadense Albert Bandura. Segundo este autor, a autoeficácia é a crença que o indivíduo tem sobre sua capacidade de realizar com sucesso determinada atividade. Assim, a crença que o indivíduo tem sobre sua própria capacidade pode afetar suas escolhas e o desempenho profissional. Trocando em miúdos: a autoeficácia é a percepção do indivíduo sobre sua própria capacidade. Essa crença determina como eu me sinto, me motivo e me comporto.
Construímos essas crenças na experiência com nosso meio social, nos sucessos e fracassos obtidos, pela influência de outras pessoas ou por nossos estados emocionais e fisiológicos. Segundo Bandura, as crenças de autoeficácia ajudam a determinar quanto esforço as pessoas vão dedicar a uma atividade, quanto tempo elas perseverarão ao se confrontarem com obstáculos e ainda o quanto são resilientes frente a situações diversas.
E o que tudo isso tem a ver com a corrida?!? T-U-D-O!
Já explico, com exemplos pessoais: Quando comecei a correr, já tinha um preparo físico razoável, pois fazia tae-boxe, então consegui completar minha primeira corrida toda, o que me deixou extremamente motivada e com uma autoeficácia positiva, já que havia conseguido um resultado positivo. Isso me deu gás para iniciar minha breve trajetória em corridas. Outras vezes já havia tentado correr, sem sucesso, achava que era praticamente impossível eu gostar desse esporte (autoeficácia negativa).
Matérias de diversas revistas mostram que a mente cansa antes do corpo, e é ela que deve ser trabalhada!
Claro que o preparo físico é fundamental e essencial, mas a autoeficácia baseada em metas reais e tangíveis, com ajuda de um profissional de Educação Física e recomendações médicas, é ideal para que o atleta amador permaneça motivado durante sua prática esportiva.
Perceber que não se vai conseguir atingir metas e sonhos na corrida em um só dia, mas que a construção do corredor se faz em longo prazo, com treinamento, disciplina e autoeficácia positiva (sem distorções negativas ou supervalorização de sua capacidade).
Assim, ao analisar suas crenças sobre a própria capacidade, poderá perceber como estão suas atitudes frente às dificuldades: Será que você desiste antes mesmo de tentar? Será que diante de um obstáculo você logo desiste ou persiste, busca caminhos para melhorar? Perguntas como estas podem ajudar no seu treinamento na corrida e em mudanças comportamentais que podem favorecer seu desempeno tanto nos esportes, como no trabalho e nas atividades cotidianas.
Se você tem uma crença em sua capacidade muito negativa, tende a se desmotivar mais facilmente, o ideal é que você comece a correr com metas mais exeqüíveis, para que esta crença seja mudada gradualmente.
Essas metas, volto a frisar, devem ser desenvolvidas junto com seu médico e profissional de Educação Física.
Outra coisa que pode afetar sua motivação na corrida é aquela parada de fim de ano, que piora nossos tempos e chegam a abalar nossa autoeficácia. Se você parou de correr nas férias e voltou mais lento, não se preocupe! Abaixo tem algumas dicas extraídas da Revista Contra-Relógio de fevereiro/2011:
PARA QUEM RELAXOU POR CAUSA DAS FÉRIAS |
A melhor forma de se motivar é ter autoconhecimento, reconhecer os sentimentos e emoções que a corrida traz. Revise os aspectos positivos e negativos do esporte em sua vida. Perceba que as motivações mudam com o tempo, conforme os objetivos vão sendo alcançados. |
Estabeleça metas viáveis e baseadas no seu condicionamento hoje, e não no passado. |
Faça como lhe agrada mais. Se não gosta de correr em tal local, mas sempre o escolhe por ser o mais próximo da casa ou trabalho, tente variar só nessa primeira semana. |
Nesse recomeço pode ser interessante ter companhia para a corrida. |
Estabeleça metas de curto prazo. Escreva seus objetivos para os próximos 15 dias, leia diariamente antes do treino e tente executá-los. |
Estabeleça metas de médio prazo. Escreva seus objetivos para os próximos 30 dias, como perder um pouco de peso, melhorar a condição física ou chegar o máximo possível na condição ideal, no ritmo que estava antes. Coloque em um local que olhe com freqüência, como tela do computador ou mesa do trabalho. |
Pense positivamente mesmo diante das dificuldades iniciais, algo como "estou fazendo o correto". Foque sua atenção no treino que está realizando, no momento em que está vivendo, e evite pensar como estará nos próximos meses. É mais produtivo controlar as variáveis do presente, pois o futuro depende das ações do agora. |
Evite o estresse e a ansiedade. Você não está mais correndo 15 km no ritmo que fazia antes? Sequer consegue completar os 10 km? Não se compare. Lembre-se que o principal objetivo da atividade física é o prazer, a satisfação, e não deve ser mais um desencadeador de estresse e ansiedade. Não se culpe caso não consiga atingir algum objetivo estabelecido. Reveja suas metas de médio prazo e veja se está fazendo tudo de forma gradual, pois o passo anterior necessita ser conquistado para passar ao passo seguinte. |
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