Minha Primeira Meia...

Olá galera, depois de um tempinho sem postar nada, aviso que o tênis do Jamil já foi vendido, e quem se interessar em anunciar alguma coisa relacionado à corrida pode usar o espaço do blog para isso.

Mas na verdade, esse post é para mostrar a vocês o relato de nossa colega Bruna, que participou da Meia Maratona do Rio no ano passado. Vale a pena.

"Finalmente chegou: 18/07/2010.

Meia Maratona da Cidade do Rio de Janeiro.

Não tinha mais como fugir. Mistura de euforia e meeedo. Pensamentos confusos: Será que vou conseguir? E essa chuva? Por que me meti nessa? Claro que vou conseguir, me preparei. Será que me preparei? E por aí foram as últimas horas antes dos meus primeiros 21 km, mas vamos começar pelo começo.

Nas duas semanas anteriores à prova, matei dois longos, um de 18 km (estava voltando do Paraná), e outro de 12 km (estava na sala de parto com minha cunhada). A consciência pesou, mas vambora.

Quarta-feira à noite, véspera da viagem. Ansiedade mil, medo do duplo desconhecido: Uma cidade estranha, cheia de mitos e história, e os 21 km, não sabia o que ia acontecer depois dos 16 km, a única marca a qual cheguei nos treinos.

No avião conheci Vitor Hugo, corredor desde o século passado, como ele gosta de brincar, cheio de viagens pelo Brasil, contando histórias de corrida que me fizeram sonhar ainda mais. Cléber, meu amigo e colega de trabalho, indo encarar sua primeira maratona, e Angela, nossa caçula, iniciando na family run, mas de olho na meia em 2011. Esses foram meus companheiros desta jornada.

Tempo chuvoso, o cristo encoberto a maior parte do tempo, alguns dos maiores passeios adiados… Frustração? Nada disso. Fomos pegar nossos kits e já começamos a entrar no clima.

Quando pegamos o kit, mais emoção…

Quinta e Sexta andamos pra caramba, dormindo casa vez menos, a cada minuto da prova. Na sexta encontrei mais cuiabanos no Rio no “Rio Scenarium”, um lugar que eu nunca vou esquecer, tamanha alegria do samba carioca.

Sabadão, chuva pra caramba e a preocupação da chuva na prova. Fiquei pensando: se fizer até 2h30 tá jóia. Durante o dia umas dores repentinas na panturrilha. Histeria pura. rs. Comprei um gel, tomei dorflex e fui dormir a tarde, pra já relaxar um pouco na concentração. Dormi, descansei, mas à noite tinha ainda o jantar de véspera no porcão. E lá fomos nós…

O dia D finalmente.18.07.2010. 04h30 da manhã estava de pé. Ansiedade, banho quente, café da manhã: duas bananas.
Fomos Vitor Hugo, Cleber e eu para a largada dos ônibus da prova, já estava quase na hora. Fomos correndo, entramos no ônibus com o céu ainda escuro. Não sentia frio e de repente, fui mentalizando:acho que em 2h2o dá pra fazer. Vou conseguir. E assim fui pensando até a largada.

Na largada, chuva fina e friozinho. Será que vai dar? Ai, meu Deus, tomara que essa chuva vá embora… Encontrei a Ana, minha colega de treinos de Cuiabá e logo depois a Luciana, conversarmos com umas garotas de São Paulo e Brasília e fui firme no meu propósito. Rapidinho a Ana e a Luciana dispararam na minha frente, senti as panturrilhas queimando, mas pensei: calma, é só aquecer. E foi isso mesmo. No primeiro túnel a galera batendo palmas, entrei na onda e começou a diversão… Logo mais o mar, ah, o mar… o som dele batendo nas rochas e a sensação de que tudo valeu a pena. Subidinha leve no km 5, fui poupando energia, mas nada comparado as ladeiras de Cuiabá… rs

Km 6, 7, 8, 9… A paisagem exuberante, as pessoas dando força, e o mar…. Ah, Rio de Janeiro, estou apaixonada! Na cabeça, por incrível que pareça, um poema chamado “Vida Vívida” de Masaharu Taniguchi “Quem disse que eu sou um covarde sucumbindo ante as dificuldades? [...] Eu sou como o ar: Quanto mais comprimido for, mais força manifesto, tal como a bomba explode a rocha.” Uma felicidade tomou conta da minha mente, do meu corpo, do meu espírito. Nunca vivi nada igual na vida.

De repente, uma paisagem que até então estava encoberta: O Cristo redentor. Lá estava ele, na minha corrida, depois de tantas tentativas de vê-lo.Dei um sorriso, agradeci, e segui em frente.

Km18: o cansaço começou a bater, já dava pra ver a chegada, ao mesmo tempo pensando: eu não parei até agora; só faltam 3! 19, 20… 21km! Meus olhos se encheram de lágrimas e junto delas um sorriso se abriu quase involuntariamente, passei pela linha de chegada, parei meu cronômetro: 2h19’23”. Chorei um pouco e agradeci!

A primeira pessoa que encontrei foi a Ana, que vibrou comigo a minha vitória pessoal. Agradeço ao professor Fernando e toda a galera da Keep Running, sem vocês não teria dado certo.

Foi assim que aconteceu, amigos, só eu, a paisagem, em silêncio, correndo e respirando o ar carioca, vivendo um dos momentos mais incríveis da minha vida."